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"Et factus est fletus magnus in medio ecclesiae omnium unanimiter"
E fato é que o flerte é grande no meio de toda igreja, unanimamente.- Liber Judith
7:29
Esse trecho da Bíblia que eu coloquei logo acima me lembrou de uma piadinha: O padre estava entregando a hóstia aos fiéis da fila e dizendo 'corpo de Cristo. Corpo de Cristo'. Até que apareceu uma gostosona, e ele não evitou dizer 'Cristo, que corpo!' - Essa anedota já é velha, do tempo em que ainda ia à igreja. Faz tempo...
Brincadeiras à parte, agora vamos falar sério. Desta vez eu vou contar a minha própria experiência e como eu me afastei da Una-Santa. Lembro-me de que na época eu queria reclamar no PROCON porque eles tinham me enganado perfeitamente, foi então que um amigo meu me avisou que não adiantava reclamar da Igreja para o órgão de proteção ao consumidor porque ela não era um estabelecimento comercial. Mas como não é um estabelecimento comercial? - eu pensava - Se tem uma matriz mundial e milhões de filiais disseminadas mundo afora, todas pegando dinheiro do pessoal, inclusive minhas poucas moedas? O padre era como se fosse um cafetão, e a mercadoria era o corpo de Cristo! Eu realmente me senti no direito de reclamar do produto oferecido, no entanto, deixei daquele tamanho. Nunca mais fui à missa.
Melhor começar essa história do início: Há algum tempo atrás, quando eu ainda era pequeno, e meus pais tinham força para me arrastar até a missa, eu frequentava a igreja da minha cidade todo domingo, sem falta. Na hora de acordar eu até fazia birra para não ir, mas depois que eu estava dentro do templo, sossegava-me porque era interessante observar. À esquerda, havia um Jesus, em tamanho real, na cruz, todo ensanguentado, com aquela cara de vou-morrer-beijo-me-liga - Lembro que uma vez, minha mãe me forçou a tocar aquele pezão cheio de hemoglobina (trauma de infância) -, ao lado dele tinha uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que, diziam, chorava de verdade. Mas me disseram que ela não está mais lá atualmente, talvez a reserva de lágrimas tenha se esgotado.
Havia também umas velhinhas fofoqueiras. Às vezes, eu ia engatinhando por baixo dos bancos, fazendo o maior tour entre as pernas dos fiéis, dessa forma, eu pegava trechos de conversas alheias e que eram totalmente inapropriadas para a ocasião... e as velhinhas... principalmente as velhinhas, como conversavam durante a missa!
Mas de todos os momentos, a hora mais interessante era a hora da hóstia. Faziam uma fila que ia até o balcão altar, onde o pároco distribuía uma rodelinha branca na boca de cada um. Dizia a minha mãe que aquele era o corpo de Cristo, e que só as pessoas livres de pecado poderiam recebê-lo. Daí me vieram várias querstões internas a serem resolvidas:
1- A fila era grande, e muita gente queria uma rodela da hóstia. Será que o corpo de Cristo era gostoso?
2- Se só pessoas sem pecado podiam receber a hóstia, será que elas se tornavam pecadoras imediatamente após comerem o corpo de Cristo? Não era possível que isso não fosse pecado!
3- Minha mãe não entrava nunca na fila. Ela era uma pecadora?
4- Eu também não entrava na fila. Eu era um pecador???
5- As velhinhas também entravam conversando na fila. Então conversar na missa não era pecado?
6- As velhinhas estavam todas sorridentes e tagarelas até colocarem o corpo de Cristo na boca, então elas abaixavam a cabeça com seriedade e voltavam quietas para seus lugares. Que substância mágica existia naquela hóstia que conseguia calar até a língua mais inquieta? - alguma coisa tinha ali!
A minha quarta questão foi respondida semanas depois, quando a minha mãe disse que estava na hora de eu entrar para o catecismo, então eu poderia também entrar na fila da alegria. Beleza, fui-me para a aula de catequeze. Era apenas uma vez por semana, mas foi suficiente para eu aprender algumas coisas interessantes. Um dia a professora disse que quem tinha fé poderia andar sobre a água do mar, então eu perguntei se em piscina também valia, ela respondeu que sim, é claro. No dia seguinte eu fiz o teste numa piscina de lona que tinha no fundo da minha casa, então eu me dei conta de que tinha que aumentar a minha fé. Outra coisa que eu não sabia, e que fez todo sentido quando a minha professora nos contou, era que Jesus tinha nascido em Roma, por isso o Vaticano ficava lá, e isso também explicava porque Cristo era loiro de olhos azuis - italianão, hein?!
Então veio a aula mais importante: a aula da hóstia. Ela disse que a hóstia era feita de farinha com água e que era o corpo de Cristo. Aí eu disse "só representa, né?", e ela respondeu "não, é o corpo de Cristo de verdade". E, naquele momento eu pensei: "como assim? Farinha de Cristo?" - Muitas coisas eu pensava e não dizia, era uma pena. Deveria aproveitar a desculpa da inocência infantil e meter a boca no mundo, mas eu ficava quieto. Naquela mesma aula a professora veio dizer que, quando a gente recebesse a hóstia na boca, era para ter respeito com o corpo de Cristo, não podia mordê-lo, mas o correto era deixar na boca e ir meio que chupando para dissolver aos poucos. Naquele momento nada fez sentido, como chupar o corpo de Cristo poderia ser menos respeitoso que mordê-lo? Convenci-me então de que chupar seria, pelo menos, mais confortável para Ele.
No mesmo dia, mais para o final da aula, a professora resolveu explicar como as pessoas se sentiam ao receberem a hóstia. Segundo ela, a nossa mente se elevava, nosso peito parecia se encher e nosso corpo sentia um tipo de calor. Somando tal descrição com o comportamento aquietante das velhinhas faladeiras, eu cheguei a uma conclusão e não segurei a pergunta: "A hóstia faz a gente passar mal, professora?", e ela, paciente, esclareceu que a sensação era boa. Aí veio a vontade de perguntar "então a gente vai ter um orgasmo?" mas preferi deixar queito, não sabia o que era um orgasmo, só havia ouvido alguns rumores sobre o assunto e, como não dominava o tema, achei melhor evitar alguma eventual vergonha. Mas suspeitava que era um orgasmo.
Finalmete chegou o grande dia da primeira comunhão. Entrei na fila, ainda podia ouvir as velhinhas cochichando. Cheguei perto do padre e ele colocou a hóstia na minha boca, voltei em silêncio para o meu lugar e ajoelhei, como havia instruído a minha professora. O treco não tinha gosto de nada! Isso me decepcionou totalmente, tinha cara de que fosse gostoso, mas não tinha gosto de nada, ABSOLUTAMENTE NADA! O jeito foi esperar pelo orgasmo, que deveria acontecer a qualquer momento. Passou um minuto e tudo continuava igual. As velhinhas estavam em silêncio, já haviam sentido o orgasmo, provavelmente, mas, para mim, nada mudou. Nada valeu a pena, nada! Nem o dinheiro investido, nem as horas de aula, nem o esforço para acordar cedo! Havia sido enganado pela maior instituição religiosa do mundo! Foi naquele momento que eu desisti do corpo do Cristo e resolvi procurar o orgasmo em outros corpos.
interessante o blog
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